23 fevereiro 2008

Aquarela (sabor de infância)


"Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo.
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva,
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva.

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel,
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.
Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul,

Vou com ela, viajando, Havai, Pequim ou Istambul.
Pinto um barco a vela branco, navegando, é tanto céu e mar num beijo azul.

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená.
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar.

Basta imaginar e ele está partindo, sereno, indo,
E se a gente quiser ele vai pousar.


Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida.
De uma América a outra consigo passar num segundo,
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo.

Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está.

E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar,
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar.

Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar.


Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá.
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar.
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá".


um pouco de Toco

"No espelho em frente eu sou
Mais um freguês.
Um homem que já foi feliz, talvez.

E vejo que em seu rosto
Correm lágrimas de dor.
Saudade, certamente, de algum grande amor.


Mas ao vê-lo assim tão triste e só,
Sou eu que estou chorando
Lágrimas iguais.
É, a vida é assim, o tempo passa

E fica relembrando
Canções do amor demais''.

A carta que não foi mandada

"A distância é forte como o vento
Faz esquecer de quem já não se ama.

Pensar que já passou mais de ano e meio
E você queima em mim como uma chama.

E eu que pensei que o tempo fosse amigo

E confiei demais no esquecimento.
Tento te esquecer e não consigo
Um só momento".

A distânciaDomenico Modugno
(Versão de Toquinho)

"Tento compor o nosso amor
Dentro da tua ausência.
Toda a loucura, todo o martírio
De uma paixão imensa.

(...)

E em cada canto
Teu desencanto, tua melancolia.
Teu triste vulto desesperado
Ante o que eu te dizia".

A rosa desfolhada

"Navegar é preciso
Mas não precisa só navegar.
Navega só quem sonhar

Porque o sonho é o aviso
De quem perdeu o juízo
Atrás de um paraíso

Além de além de além do mar
Da lenda além do mar".


Além do mar

"Vamos por aí
Sabendo que o mundo
É cruel e lindo.

Sem me iludir,
Às vezes chorando
E às vezes sorrindo''.

Alô, Alô

Amigos meus está chegando a hora
Em que a tristeza aproveita pra entrar
E todos nós vamos ter que ir embora
Pra vida lá fora continuar.

(...)

E em novo dia
A gente ver novamente
A sala se encher de gente

Pra gente comemorar''.

Amigos meus
Toquinho e Vinícius

"Ah, se eu pudesse dizer-te
Que pela graça de ver-te
Já nem importa ter que fingir.
E a cada ruga que nasce
Tento esconder minha face

Na máscara que te faz sorrir.

Porque este amor demais,
Que nunca vai ter fim,
Na morte que me traz
É a vida para mim".


Amor em solidão
Toquinho e Vinícius

"Ah! Como é bom namorar,
Ter alguém por querer,
Ter por quem despertar.

Nada é mais abençoado
Que o astral entre dois namorados

Com coragem de amar.

Sem segredos,
Todo segredo é viver,
Nada a esconder.
Sem mistérios,

Todo mistério é sonhar,
Nada a cobrar".

Ao sabor do vento
Toquinho, Maurizio Fabrizio, Guido Morra

"Olha quanta beleza,
Tudo é pura visão
E a natureza transforma a vida em canção.
Sou eu o poeta quem diz:
Vai e canta, meu irmão,

Ser feliz é viver morto de paixão".

As cores de abril
Toquinho e Vinícius

"É uma saudade tão doída de você
Que eu não sei mais nada, não.
E é isso aí sempre que o amor não pode ser,
Sempre que a distância pode mais que o coração.

Olhos que se olham mas que não se podem ter,
Mãos que estão unidas mas não estão.
Olhe, meu amor, tudo que eu quero é não sofrer
Mais uma separação.

Fomos enganados pelo tempo,
Teu amor chegou tarde demais.
E o amor é sempre um sentimento
Que a separação não deixa em paz.

Pode ser assim, mas quem sou eu pra resolver
As razões do coração.
Olhe, meu amor, tudo que eu quero é nunca ser
Mais uma recordação".

As razões do coração
Toquinho e Vinícius


"Chora teu pranto de dor,
Você vem pedir conselho
A um bom sofredor.
Meu amigo, nessa vida
Tudo acaba e pode começar.
Mas meu tempo não me deixa
Te animar".

Bom sofredor
Toquinho e Mutinho

"Vejo a noite amanhecer.
Passo o tempo procurando
Quem me possa responder
Como é que tem quem vive
Sem ninguém por quem morrer..."


Calmaria e vendaval
Toquinho e Vinícius

08 fevereiro 2008

Outra vez, você

Sonhei com você
em plena segunda,
de carnaval
Meu deus! Que amargura!

Precisava de ver, você
tão real
Carrasco e grosseiro
fiel escudeiro de seus ideais

Folião passageiro
na multidão
Fardo eterno
em meu pobre coração

Que verão fora aquele?
De um irrealismo
tão real

Era mesmo um grande sonho
que acabou na quarta-feira
de carnaval

Regra Três (trilha sonora das viagens em família)


"Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz,
Abusou da regra três
Onde menos vale mais.


Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar.
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar.
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar.


Tem sempre o dia em que a casa cai,
Pois vai curtir seu deserto, vai.

Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar.
E uma bebida por perto porque
Você pode estar certo que vai chorar".

Luiz Gonzaga do Nascimento (1912 – 1989)


Natural De Exu, sertão de Pernambuco, já menino aprendeu a tocar o acordeão com seu pai e passou a apresentar-se em bailes e feiras.
Autêntico representante da cultura nordestina manteve-se fiel às suas origens.
O gênero musical que o consagrou foi o baião.
A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947 com o advogado Humberto Teixeira.

Gonzaga sofria de osteoporose. Morreu vítima de parada cárdio-respiratória.



"Eu já dancei balancê
Xamego, samba e xerém
Mas o baião tem um quê
Que as outras danças não têm
Oi quem quiser é só dizer
Pois eu com satisfação
Vou dançar cantando o baião

Eu já cantei no Pará
Toquei sanfona em Belém
Cantei lá no Ceará
E sei o que me convém
Por isso eu quero afirmar
Com toda convicção
Que sou doido pelo baião".

Baião - Luiz Gonzaga

04 fevereiro 2008

para a minha menininha: Xote das Meninas

"Mandacaru
Quando fulora na seca
É o siná que a chuva chega
No sertão
Toda menina que enjôa

Da boneca
É siná que o amor
Já chegou no coração...

Meia comprida
Não quer mais sapato baixo
Vestido bem cintado
Não quer mais vestir de mão...
Ela só quer

Só pensa em namorar
Ela só quer
Só pensa em namorar...
De manhã cedo já tá pintada
Só vive suspirando
Sonhando acordada
O pai leva ao dotô
A filha adoentada
Não come, nem estuda
Não dorme, não quer nada...

Ela só quer
Só pensa em namorar

Ela só quer
Só pensa em namorar...

Mas o dotô nem examina
Chamando o pai do lado
Lhe diz logo em surdina
Que o mal é da idade
Que prá tal menina
Não tem um só remédio
Em toda medicina...

Ela só quer
Só pensa em namorar

Ela só quer
Só pensa em namorar...".

disse o rei do baião...

"Partiste mas minha alma seguirá teus passos
Onde estiveres, eu estarei contigo
Hás de guardar uma saudade minha

Tua lembrança ficará comigo''

A carta

"Passarinho na gaiola, vive sempre a cantar

Passa fome passa sede
Sem pedir, sem reclamar,
Mas existe a diferença
Passarinho eu não sou,
Minha fome e minha sede
É teu carinho é teu amor"

A sorte é cega

"Amor da minha vida, tão longe estais de mim
Meus olhos te procuram, vocês me torturam

Sofro tanto assim
Meus dias são tão tristes
As noites muito mais

E desde que´partistes
A amargura existe roubando minha paz

Ó luz dos olhos meus, metade do meu ser

Que amarga diferença sem tua presença nesse meu viver
Amor da minha vida, estou na solidão
Trocastes por saudade a felicidade do meu coração"

Amor da minha vida

''Ana Rosa ai que saudade...
Tô fingindo de viver
Eu com asa eu avoava
Na mesma hora eu avoava pra te ver
Em dezembro faz um ano

Que amargo o meu sofrer
E nas contas de saudade
Um ano é dez a dor é mil, e eu sem você"

Ana Rosa

"Ah esse meu coração de novo
sabe deus onde me levará
Apostando tudo nesse amor pôs a mão no fogo e se queimou

E hoje sem um pingo de vergonha quer voltar"

Asas da ilusão

"E aprendi que se depende sempre
De tanta, muita, diferente gente

Toda pessoa sempre é as marcas
Das lições diárias de outras tantas pessoas

E é tão bonito quando a gente entende
Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá
E é tão bonito quando a gente sente

Que nunca está sozinho por mais que pense estar"

Caminhos do coração

"Outro dia uma pessoa, dizendo ser gente boa, entrou no meu coração.
Fez do meu peito morada, residiu não pagou nada, encheu ele de paixão.
Ele ficou apaixonado, arriado encabulado, era amor que não tinha fim.
Mas um dia se acabou, esse amor não era amor, ele ficou molim molim
Molim, molim, molim, molim.

Meu coração é de manteiga ou de pudim?"

Coração molim

"Por mil coisas que me deste,

Te agradece a minha dor,
Que o bom deus te de em dobro,
Tudo que por mim fizeste..."


Dengo maior

"Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você morena
Faz a saudade me apressar


E nas noites de frio serei o teu cobertor
'Quentarei o teu corpo com meu calor
Ah, minha santa, te juro, por Deus Nosso Senhor
Nunca mais minha morena vou fugir do teu amor"

Espero por mim

"Quem eu amo não me ama
Nem liga
Finge até que não me vê

Vou me embora pra bem longe
Pra ninguém me ver sofrer

Pesaroso, suspirando
Vez em quando choro
Por alguém que tanto adoro
E que me faz ingratidão"

Faça isso não

"Naquela noite linda tão linda de luar,
cê contava estrelas todas elas pra me dar.
Agora indiferentenem lembra o que passou.
Chego até pensar que você me abandonou"

Indiferente

01 fevereiro 2008

Ilusão

Acho-me nas palavras
de tuas melodias
tão sonoras e sombrias
de amor

Ilusão de te ter
em meus braços
Amanhecer em teus olhos
num lugar qualquer

Amar, de repente,
para sempre
como se fosse de mentira

Eis que chega realidade
longe de bem-vinda
bem - dura
bem má

E aqui estou novamente
Perdida de ti amor
ao mar...

Asa Branca - (minha canção de ninar)


"Quando olhei a terra ardendo
Qua fogueira de São João
Eu preguntei a Deus do céu, uai
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Para eu voltar pro meu sertão

Quando o verde dos teus oio
Se espalhar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração

Partiste mas minha alma seguirá teus passos
Onde estiveres, eu estarei contigo
Hás de guardar uma saudade minha
Tua lembrança ficará comigo".