20 janeiro 2010

Tempo

A mim parece, às vezes,
que o tempo anda em círculos
não ciclos.

Nas lembranças,
a cada passo
e também, na falta dele.

Imensurável,
não palpável
e ainda assim um regente
um tanto arbitrário.

Dúbio e duvidoso
ao mesmo tempo de calor e frio
revigorantes.

Incerto,
definitivo,
tempo.

19 janeiro 2010

Vou-me embora pra Pasárgada

E por começar o ano na terra de Bandeira, com sua poesia inicio 2010. Porque, para mim, 2010 começou só hoje, depois que de tanto esperar enxergar uma mudança que me provasse que algo tinha mudado, resolvi mudar.
Pasárgada me parece sempre um ótimo destino.


''Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive


E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embor pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide ã vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de nã ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada''.