25 novembro 2007

Paulo Leminski Filho (1944-1989)


Escritor, poeta, tradutor e professor brasileiro.


"Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito,
são suas obras completas".


Lápide I
Epitáfio para o corpo


"Aqui jaz um artista
mestre em desastres

viver
com a intensidade da arte
levou-o ao infarte

deus tenha pena
dos seus disfarces".

Lápide II
Epitáfio para a alma

22 novembro 2007

versos...

"Ontens e hojes, amores e ódio,
adianta consultar o relogio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio"

Atraso pontual

"Nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez"

Erra uma vez

"Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.

Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento".

Parada cardíaca

''Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece''.

Pelos caminhos que ando

"Extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais".

Bem no fundo

V
"apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme"

IX
"nem toda hora
é obra
nem toda obra
é prima
algumas são mães
outras irmãs
algumas
clima"

Poemetos

"_____A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
_____que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!"

Não tem vaga nem lugar

"Que entrega é tão louca
que toda espera é pouca?
qual dos cinco mil sentidos
está livre de mal-entendidos?"

Donna mi priega 88

"Esse súbito não ter
esse estúpido querer
que me leva a duvidar
quando eu devia crer

Esse sentir-se cair
quando não existe lugar
aonde se possa ir

Esse pegar ou largar
essa poesia vulgar
que não me deixa mentir".

Esturpor

"Abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri:
Antigamente eu era eterno".

Desejo

Quero acreditar na eternidade
do que quer que seja
Morrer de saudade
soluçar de tristeza
Achar o grande amor,
perdê-lo.
Reencontrá-lo
Esquecê-lo.Sorrir sem compromisso
sonhar sem mensuração

Viver a esmo
viver feliz,
viver simplesmente,
sem mais explicação.

"Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima".

21 novembro 2007

meio bossa nova e rock ´n roll...


"...aquele garoto queria mudar o mundo..."

Como Cartola, foi batizado como Agenor de Miranda Araújo Neto, mas desde pequeno preferiu ser chamado pelo apelido, que lhe foi dado antes mesmo de nascer.
Bebeu na fonte da tradição viva da MPB para recriar a poesia típica do rock.
Poesia que permanece viva até hoje, para sempre.

"O tempo não para".

(1958-1990)

17 novembro 2007

Cazuza

"Matei, mataria mil vezes
E mil vezes não me arrependeria
Quem mata por amor tem perdão
Porque o amor é a morte"

A Via-crúcis do Corpo

"Já passou, fomos perdoados
Por todos os deuses do amor
Acabou, podemos ser claros
Como era antes, seja lá como for

Sou feliz e trago as provas
Nos meus olhos molhados
E vejo a vida tão diferente
Eu já posso entender
A inocência do prazer"

A inocência do prazer

"Migalhas dormidas do teu pão
Raspas e restos
Me interessam
Pequenas poções de ilusão
Mentiras sinceras me interessam, me interessam"

A Vaca

"Seria tão bom se eu te amasse
Seria tão bom se bastasse
Teu mar morto de ternura
Depois de tanta loucura
Seria tão bom se eu te amasse..."

Blitz

"Mesmo que outras pessoas eu venha amar
E encontre com elas um pouco de paz
Eu vou pra sempre te esperar

Blues é assim, baby"

Blues do ano 2000

"Outra vez vou te cantar, vou te gritar
Te rebocar do bar
E as paredes do meu quarto vão assistir comigo
À versão nova de uma velha história

Outra vez vou te esquecer
Pois nestas horas pega mal sofrer..."

Down em mim

"Paixão cruel
Desenfreada
Te trago mil
Rosas roubadas
Pra desculpar
Minhas mentiras
Minhas mancadas...

Exagerado!Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado..."

Exagerado

"Faço promessas malucas tão curtas quanto um sonho bom
Se eu te escondo a verdade, baby, é pra te proteger da solidão

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor"

Faz parte do meu show

"O teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver..."

O nosso amor a gente inventa

"Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim"

Poema

Serenata

O que sinto, não sei dizer
um sofrer de aprender.
Estas sempre em minha mente
ardente paixão
de verão.


É quase outono,
começa a esfriar.
E só você poderá esquentar
minha mente,indigente de pensar
o amor que consigo expressar.

O amar, um vivenciar
um fato inexato
mar de desigualdade.
Sonho,
Realidade.

Eu o atingi com flechadas,
de amor...
amordor
existe em minha mente.


Por que foste pensar, desse jeito?
Parece que me rejeita,
Uma desfeita que de forma, não entendo.
Me compreende, não é?

Não diria que sim, ainda
não sei também se não.
Pois, por aqui tudo daí vem
do que me proporciona.

Meu pensar,
O medo de me apaixonar,
de amar

sem volta.

Por você sim,
você!
Por quem quero viver
quero mesmo!
Mesmo, que assim não será.

Codinome Beija-Flor


"Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou...

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor

Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor

Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador

Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor".

14 novembro 2007

Cecília Meireles (NOV.1901 - NOV.1964)


"Nem tudo estará perdido
Enquanto nossos lábios não esquecerem teu nome:
Cecília...".

Mário Quintana

um pouco de Cecília...

(...)
"Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os marese un
e as terras mais distantes...

- palavra que não direi".
(...)

Timidez

(...)
"Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar".
(...)

Canção

(...)
"Não ames como os homens amam.
Não ames com amor.
Ama sem amor.
Ama sem querer.
Ama sem sentir.
Ama como se fosses outro.
Como se fosses amar.
Sem esperar.
Tão separado do que ama, em ti,
Que não te inquiete
e o amor leva à felicidade,
Se leva à morte,
Se leva a algum destino.
Se te leva.
E se vai, ele mesmo...
Não faças de ti
Um sonho a realizar".
(...)

Cântico IV

"E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim".
(...)

4º motivo da rosa

(...)
"Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado".
(...)

Interlúdio

(...)
"Repara na canção tardia
que oferece a um mundo desfeito
sua flor de melancolia.

É tão triste, mas tão perfeito,
o movimento em que murmura,
como o do coração no peito".
(...)

Serenata

(...)
"Tudo imóvel . . . Serenidades . . .
Que tristeza, nos sonhos meus!
E quanto choro e quanto adeus
Neste mar de infelicidades!".
(...)


Depois do sol...

Espera

Esperei.
Desesperadamente esperei.
Fingindo serenidade,
Que vinha de um lugar tão longínquo e desconhecido,
Que me deixava estática,
Por não saber como reagir àquela situação.

Era estranho,
Angustiante.
Mas acima de tudo, esperançoso.
Não morria dentro de mim
Uma imagem qualquer,
O som de sua voz,
As lágrimas,
As saudades...

Estava tudo ali, intacto,
À sua espera.

E a espera, me pareceu,
Duraria horas,
Quem sabe dias.

E eu ali,
Lábios cerrados,
Olhos atentos,
Coração aparentemente calmo,
Estômago roncando e
Bexiga estourando.
Mas dali eu não saía,
Não havia quem me tirasse.

Meu sono já fora tirado,
Lágrimas de mim arrancadas,
Mas a esperança do amor,
Não!
Isso ninguém me tiraria.

E por isso permaneci ali.
Horas,
Minutos,
Dias!
À sua espera.

13 novembro 2007

Motivo


"Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada".

12 novembro 2007

Mário de Miranda Quintana (1904-1994)


"Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?".

Mário Quintana por ele mesmo

"Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!".

Manuel Bandeira

Eu, só.

Tive uma doença,
chamavam-na de amor.

Flores, estrelas,
sorrisos, desejos,
que diziam vir de puro calor.

Promessas eternas,
confissões indiscretas,
janelas abertas para o sol penetrar

Nós na segunda
nós a dançar.
Nós destemidos,
nós no altar.

Nós era ele
Eu era eu.
Ele se foi
se foi com o amor meu.

E eu,
fiquei sem nós

a sós na escuridão.

Eu fiquei doente
Eu fiquei,
mas ele não.

11 novembro 2007

versos

"Fere de leve a frase...
E esquece...
Nada convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita".


"Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci"?

Do amoroso esquecimento


"Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira".

Ah! Os Relógios


"Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...".

Eu escrevi um poema triste


"Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar".

Canção do amor imprevisto


"Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...".

Da Discrição

"Coração que bate-bate...
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer".

Trova

"Trago-te palavras, apenas...
e que estão escritasdo lado de fora do papel...
Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo,
ardente e puro, ao vento da Poesia
como uma pobre lanterna que incendiou".

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos

Bilhete


"Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!

Se me queres,enfim,
tem de ser bem devagarinho,
amada,

que a vida é breve,
e o amor
mais breve ainda".

10 novembro 2007

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho


O Último Poema

"Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação".


(19.ABR.1886 - 13.out.1968)

alguns versos

"Meu coração está sedento
De tão ardido pelo pranto.
Dai um brando acompanhamento
À canção do meu desencanto".

Enquanto a Chuva Cai

"O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza".

Madrigal Melancólica

"Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei".

Vou-me embora pra Pasárgada

"Se queres sentir a felicidade de amar,
esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor".

Arte de Amar

09 novembro 2007

Hoje

Hoje,
o sol envergonhado
Nos fez apenas
breve visita.

E foi a chuva,
E cada gota dela,
Que me trouxe suspiros
E sorrisos irreverentes.

Entre beijos lancinantes e
Carícias vindas do mais puro
E belo amor.

Chuva essa que cessou
E com seu fim
O fim do dia.

Dos suspiros solitários
Palavras a esmo
Do meu peito quente
Sobre um leito frio,
Gélido.

E em teu corpo ausente
meu amor,
se fez algo sombrio,
para sempre.

Os Sapos - abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922 -



"Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:-
"Meu pai foi à guerra!"-
"Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos!

O meu verso é bom
Frumento sem joio
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas . . ."

Urra o sapo-boi:-
"Meu pai foi rei" - "Foi!"-
"Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"


Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:-
"A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,

Tudo quanto é vário,
Canta no martelo."

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:-
"Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,

Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;

Lá, fugindo ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu.
Da beira do rio".

08 novembro 2007

Drummond...


da liberdade lingüística, do verso livre, do metro livre, das temáticas cotidianas.

(31.OUT.1902 - 17.AGO.1987).

Revivida

Você me devolveu
a vontade do querer
tentar,
sonhar,
perder (e ser),
achar.

E num gesto singelo
um surto de compaixão
despertou-me para tuas palavras
medidas de carinho
que cantavam afinidades
desencontradas no caminho.

Estranho gesto meu
que teus olhos interessados
acompanharam.
Estranho jeito seu
que meus olhos, de repente,
amaram.

Estranho, e estranho sempre,
seja lá quando for.
Espero que o tempo passe,
e me traga de volta
a lembrança do velho amor.

alguns versos

"Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo".

As Sem-razões do Amor


"Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade".

Para Sempre

"Amor meu, minhas penas, meu delírio,
Aonde quer que vás, irá contigo
Meu corpo, mais que um corpo, irá um'alma,
Sabendo embora ser perdido intento".

Porque

"Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?".
(...)

Amar

"As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão".

Memória

Inconfesso Desejo


"Queria ter coragem
Para falar deste segredo
Queria poder declarar ao mundo
Este amor
Não me falta vontade
Não me falta desejo
Você é minha vontade
Meu maior desejo
Queria poder gritar
Esta loucura saudável
Que é estar em teus braços
Perdido pelos teus beijos
Sentindo-me louco de desejo
Queria recitar versos
Cantar aos quatros ventos
As palavras que brotam
Você é a inspiração
Minha motivação
Queria falar dos sonhos
Dizer os meus secretos desejos
Que é largar tudo
Para viver com você
Este inconfesso desejo".

Fernando Antonio Nogueira Pessoa


Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro...

"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus".

(13.JUN. 1888 -30.NOV. 1935)

versos ''Pessoais''

"Amo como ama o amor.
Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar.
Que queres que te diga, além de que te amo,
se o que quero dizer-te é que te amo?”.

"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida”.

"Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa.
Um poema é a expressão de idéias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso”.

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente”.

"Nunca amamos ninguém.
Amamos, tão-somente,
a ideia que fazemos de alguém.
É a um conceito nosso -
em suma, é a nós mesmos - que amamos”.

"Amar é cansar-se de estar só:
é uma covardia portanto,
e uma traição a nós próprios
(importa soberanamente que não amemos)’’.

"Navegar é preciso, viver não é preciso”.

"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
(...)
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são Ridículas”.

07 novembro 2007

Em vão

Até que eu me cansasse,
Tão cedo seria nunca.
Tão tarde seria sempre.

E agora,
Nunca foi.

“Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,

Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme”.

Flor Bela de Alma da Conceição


Poetisa portuguesa,
Precursora do movimento feminista,
transformou seus sofrimentos íntimos em poesia.

"(...)

E Florbela, de negro,

esguia como quem era,
seus longos braços abria
esbanjando braçados cheios
da grande vida que tinha!".

Manuel da Fonseca - "Para um poema a Florbela"

06 novembro 2007

versos...

(...)
"Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente…
Talvez sejas a alma, a alma doente
D’alguém que quis amar e nunca amou!"
(...)

Alma Perdida

"Rasga esses versos que eu te fiz, amor!
Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento,
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
Que a tempestade os leve aonde for!"
(...)

Os meus versos

"Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E pra o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar…

(...)

"E há cem anos que eu fui nova e linda!…
E a minha boca morta grita ainda:
“Por que chegaste tarde, Ó meu Amor?!…”".

Tarde Demais…


"Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse a chorar isto que sinto!"

http://www.prahoje.com.br/florbela/?p=315

05 novembro 2007

Sublime Paixão (para ele)

Abra os braços para enxergar
o que de tão intenso
longe já se sente.

Inexplicável,
inarrável,
tão único como poderia.

Realidade distante,
vívida utopia.
Paixão que sobrevive,
persistente,
a cada dia.

Mesmo sozinha,
não padece ou
enfraquece.

E a cada palavra silenciada
fica mais viva,
calada.

E nos olhares perdidos da incerteza,
desconfiados,
despercebidos,
passam.

E em profunda intimidade
calam-se em saudade,
para sempre,
para sempre.

Amar


"Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar:
aqui... além...
Mais Este e Aquele,
o Outro e toda a gente...
Amar! Amar!
E não amar ninguém!

Recordar?
Esquecer?
Indiferente!
Prender ou desprender?
É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida
Pois se Deus nos deu voz,
foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó,
cinza e nada,
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder
pra me encontrar".

"É o Chico das artes
Um gênio
Poeta Buarque
Boêmio
A vida no palco, teatro e cinema
Malandro sambista
Carioca da gema".

mais alguns versos

(...)
"Sofrer a ortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão"
(...)

Sonho Impossível - J. Darion - M. Leigh
versão de Chico e Ruy Guerra

(...)
"Éramos nós
Estreitos nós
Enquanto tu
És laço frouxo
Tira as mãos de mim
Põe as mão em mim
E vê se a febre dele
Guardada em mim
Te contagia um pouco".

Tira as mão de mim - Chico e Ruy Guerra

"Há nada como um tempo
Após o contratempo
Pro meu coração
E não vale a pena ficar
Apenas ficar chorando, resmungando
Até quando, não, não, não"
(...)

Jorge maravilha - 'Julinho da Adelaide'

(...)
"Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d´água".

Gota d´água - Chico

(...)
"Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Qua a saudade é o revés d eum parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu"
(...)

Pedaço de mim - Chico

(...)
"Ai, o amor
Jamais foi um sonho
O amor, eu bem sei
Já provei
E é um veneno medonho"
(...)

Viver do amor - Chico

(...)
"Aquela esperança de tudo se ajeitar
POde esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizerque não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado"
(...)

Trocando em miúdos - Chico e Francis Hime

04 novembro 2007

Olhos nos olhos

Assistam:

http://youtube.com/watch?v=tNe3HqZiyyw

Letra & Música

“Mas você me navegou
Mares tão diversos
E eu fiquei sem versos
E eu fiquei em vão”.

Lua Cheia – Toquinho e Chico

“Não chore ainda não
Que eu tenho um violão
E nós vamos cantar
Felicidade aqui
Pode passar e ouvir
E se ela for de samba
Há de querer ficar
...
Não chore ainda não
Que eu tenho uma razão
Pra você não chorar
Amiga me perdoa
Se eu insisto à toa
Mas a vida é boa
Pra quem cantar”.

Olé, olá – Chico

“Amanhã, ninguém sabe
No peito de um cantador
Mais um canto sempre cabe
Eu quero cantar o amor
Eu quero cantar o amor
Antes que o amor acabe”.

Amanhã, ninguém sabe – Chico

“Morena dos olhos d´água
Tira os seus olhos do mar
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho pra lhe dar”.

Morena dos olhos d´água – Chico

“A felicidade
Morava tão vizinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha”.

Até Pensei – Chico

“Comunico oficialmente
Que há lugar na minha mesa
Pode ser que você venha
Por mero favor
Ou venha coberta de amor
Seja lá como for
Venha sorrindo, ai
Benvinda
(...)
Comunico finalmente
Que há lugar na poesia
Pode ser que você tenha
Um carinho para dar
Ou venha pra se consolar
Mesmo assim pode entrar
Que é tempo ainda”.

Benvinda – Chico

“Pois é
Fica o dito e o redito por não dito
E é difícil dizer que foi bonito
É inútil cantar o que perdi”.

Pois é – Tom e Chico

“Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever”.

Retrato em Branco e Preto – Tom e Chico

“Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar”.

Apesar de você - Chico

O que fazes de mim

E na futilidade de meus versos,
está nosso primeiro,
nosso último encontro.

Sentimento efêmero,
oculto nas estrofes forjadas
do céu ou do mar.

Por favor,
devolva minha espontaneidade,
e me calo.
Me engano,
e te esqueço, sem perdão.

Para um dia te encontrar ancorado,
na vaga mesmice do talvez.
Que sem vez,
passou despercebido,
outra vez.

Francisco Buarque de Hollanda


Que mulher não é apaixonada por ele?

Muitos músicos cantaram as mulheres, mas ele entendeu.

"Te perdôo
Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas
Ninguém faz
Te perdôo
Por pedires perdão
Por me amares demais

Te perdôo
Te perdôo por ligares

Pra todos os lugares
De onde eu vim
Te perdôo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim

Te perdôo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de ti
Te perdôo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir (te mentir, te mentir)

Te perdôo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdôo
Te perdôo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdôo
Por te trair".

Mil Perdões


03 novembro 2007

Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes


Diplomata, jornalista, poeta, compositor, boêmio, fumante, brasileiro.
- (1913 - 1980) -.

Antologia Poética

(...)
"Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada".
(...)

Ausência


''Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos".
(...)

Ternura


"Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada".
(...)

Soneto do maior amor


"Quando chegares e eu te vir chorando
De tanto me esperar, que te direi?
E da angústia de amar-te, te esperando
Reencontrada, como te amarei?"
(...)

Soneto de véspera


(...)
"De repente, não mais que de repente
Dez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente".
(...)

Soneto de separação


Canto de Ossanha

http://www.youtube.com/watch?v=eE0fzYNjgF4&NR=1

Momento

Confesso que possa ter me exaltado.
Mas juro,
Foi um ato de completa inocência
Que brotou em mim
Naturalmente.

Nascido da mais pura felicidade,
Da mais pura tristeza.

Um desespero
Desmedido.
De rir
E sonhar.

Sem por quê,
Espontâneo,
E breve.

Soneto de Fidelidade




''De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure".